Câmara inaugura busto em homenagem a Joaquim Firmino, mártir abolicionista
Na quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra, a Câmara Municipal de Mogi Mirim inaugurou um busto em homenagem a Joaquim Firmino de Araújo Cunha (1855-1888), mogimiriano que se tornou mártir e herói da abolição da escravatura no Brasil.
O monumento foi instalado no jardim frontal da Casa de Leis e, na base do busto, um texto rememora um pouco da história do homenageado: “Nascido em Mogi Mirim em 29 de agosto de 1855, foi delegado de polícia na cidade de Penha do Rio do Peixe, hoje nomeada Itapira. Emérito e ardoroso abolicionista, foi brutalmente assassinado por cerca de duzentos escravagistas em 11 de fevereiro de 1888, tornando-se um mártir e herói da luta contra a escravidão no Brasil.”
O evento contou com a presença do Presidente da Câmara, Dirceu Paulino (União Brasil), de vereadores, representantes do Poder Executivo, do Conselho do Patrimônio e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, do Coletivo Afrocaipiras, da Associação Cultural Afro Guaçuana (Acag), do Coletivo Negro de Mogi Mirim e da Beleza Negra de Mogi Mirim 2023, além do Centro de Documentação Histórica (Cedoch), que tem Joaquim Firmino como patrono.
A cerimônia foi conduzida pelo jornalista Nelson Victal do Prado Junior e teve o acompanhamento musical da Lyra Mojimiriana. Foi relembrada a trajetória de vida do herói abolicionista e ressaltada a importância do monumento, como uma forma de reconhecimento a Joaquim Firmino, à luta pela abolição da escravatura em Mogi Mirim e no Brasil e à luta contra o racismo.
Em sua fala, Dirceu afirmou que considera Joaquim Firmino o mogimiriano mais importante da história, por ele ter lutado contra a escravidão a ponto de ter a vida ceifada por escravocratas. O presidente destacou que esse crime brutal, ao invés de interromper, acelerou a abolição, que aconteceria meses depois, em 13 de maio de 1888.
Além disso, relembrou que a comoção em torno da morte de Joaquim Firmino foi tão grande que o município onde Firmino trabalhava, como delegado de polícia, mudou de nome. Dirceu explicou que dois dos acusados de envolvimento no crime eram um fazendeiro inglês e um americano, que depois de derrotados na Guerra Civil dos Estados Unidos, lutando ao lado dos estados escravocratas, vieram morar no Brasil, em Penha do Rio do Peixe.
Segundo relatos históricos, um dos fazendeiros era também presidente da Câmara de Penha do Rio do Peixe, e recorreu ao Governo de São Paulo para que o município mudasse de nome, passando a se chamar Itapira – numa tentativa de desvincular a cidade da repercussão negativa. O assassinato de Joaquim Firmino e seu contexto foram pesquisados pelo historiador itapirense Eric Apolinário, que escreveu o livro “O crime da Penha”, assim como pelo Cedoch de Mogi Mirim.