Atletas reclamam terem sido enganados em seletivas promovidas pelo MMEC

DIEGO ORTIZ
JORNAL O IMPACTO

Uma série de jogadores e pais de atletas que participaram de seletivas do Mogi Mirim, com pagamento de valores, reclamaram terem se sentido enganados pelo clube por terem investido recursos com a promessa de serem avaliados, mas, que, na verdade, sentiram não ter recebido atenção. O IMPACTO conversou com dois dos jogadores descontentes, que participaram de seletivas da categoria sub-20 e manifestaram terem percebido que a verdadeira preocupação do clube era arrecadar o dinheiro cobrado e não selecionar para o time.

Os dois jogadores, um do estado de Goiás e outro do Amazonas, souberam da avaliação pela agência Mind Soccer, que divulgou as peneiras pelas redes sociais. Agentes da empresa, que já encerrou relações com o Mogi Mirim, entraram em contato com atletas pelo Instagram para oferecer a oportunidade. O valor cobrado foi de R$ 800, com R$ 300 pagos antecipadamente para a Mind Soccer e R$ 500 na apresentação para o Mogi Mirim.

Os atletas revelaram à reportagem terem se sentido seduzidos pela estrutura prometida para avaliação, mas não terem tido à disposição o que havia sido anteriormente informado.

O lateral João Victor Gouvêa, o Carreirinha, de 18 anos, veio de Humaitá, no Amazonas, para participar da seletiva da categoria sub-20, do dia 4 a 7 de abril, e disse não ter existido uma verdadeira avaliação.

As inscrições para o Campeonato Paulista das categorias sub-15 e sub-17 terminam somente em 6 de setembro, enquanto a sub-20 tem 22 de setembro como prazo final. Nos três campeonatos, não há limite de jogadores inscritos, mas os atletas sentiram que os times já estavam formados.

Um dos fatores responsáveis por motivar alguns atletas era a expectativa de que o time estava sendo reestruturado.

“Falou que estava formando o time. Chegando aí, o time já tinha 21 inscritos, não valorizaram os atletas que foram. Nem ligava pra nós, nem dava atenção, fingia que nós só éramos um pessoal que tava visitando o clube”, desabafa Carreirinha.

A atenção, segundo contaram, ficava restrita aos já integrantes do time. “Eles alongavam os 21 atletas e nós tínhamos que dar um jeito, soltavam duas bolas pra nós fazer o que quiséssemos, aí fazia o treino tático com eles, depois ia utilizando nós, formavam um time rapidinho, colocava para jogar uma meia hora e depois já subíamos pro alojamento pra tomar banho”, relata Carreirinha. “A gente nem treinava direito, colocavam a gente um pouco e tirava. Deixavam a gente de lado, a gente ficava batendo bola e treinavam só os meninos dele, chamavam a gente um pouco, treinava um pouco e tirava de novo, voltava a treinar os meninos deles”, reclama o volante Vitor Henrique Santos, de 18 anos, de Goiânia-GO, que fez a avaliação na mesma época de Carreirinha.

O lateral contou ter gastado cerca de R$ 3 mil incluindo os gastos da viagem e lamenta ter sido tratado com desprezo: “Nós damos R$ 800 pra eles, tipo: ah, deixa eles aí, quando passar, nós mandamos embora”.

Segundo Carreirinha, houve casos de jogadores informados que seriam aprovados, mas com a condição de pagarem para permanecer e alguns teriam aceitado pagar entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. “Eles estão extorquindo muito os atletas, cobrando valores, isso aí é extorsão, pedir dinheiro pra ficar no clube, cobrando alguns atletas”, acusa.

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