Sessão da Câmara de Mogi Mirim é suspensa após tumulto

FLÁVIO MAGALHÃES
JORNAL O IMPACTO

A sessão legislativa da última segunda-feira (19), que previa a votação em segundo turno da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de Mogi Mirim, acabou suspensa após um bate-boca entre o vereador Tiago Costa (MDB) e o comerciante Weberty Alves. A confusão tomou proporções maiores, envolvendo outras pessoas, o que levou o presidente Dirceu Paulino (SD) a suspender os trabalhos.

O tumulto teve início durante a participação da secretária municipal de Saúde, Clara Alice Franco de Almeida Carvalho, convocada pelo próprio Tiago Costa para prestar esclarecimentos sobre o atendimento prestado na UPA e na Santa Casa de Misericórdia. Inclusive, estavam presentes na Câmara alguns familiares de um homem falecido recentemente, conhecido como Mazinho. A família alega que a morte ocorreu devido a morosidade do atendimento público de saúde em Mogi Mirim. Contudo, o bate-boca não teve relação alguma com a pauta da sessão.

Por volta das 19h40, Tiago tentou entregar uma notificação extrajudicial a Weberty, que se negou a receber. “Você está me entregando uma intimação dentro da Câmara?”, questionou o comerciante. Foi quando começou o desentendimento. O presidente Dirceu Paulino tentou intervir na mesma hora, mas o bate-boca continuou. Foi quando a sessão foi suspensa pela primeira vez. “Senhores, assim não tem condição”, reclamou Dirceu.

“Tudo sou eu!”, retrucou o vereador. “Ele [Weberty] está lá sentado, você saiu daqui e foi lá”, apontou Dirceu. “Tem que ter respeito, Tiago”, completou. Nesse momento, a discussão se intensificou e Tiago mencionou os familiares de Mazinho. “Ele [Weberty] não tem respeito pela vida, pela família do Mazinho, não tem respeito pela zona Norte. Ele fez barraco, ele é barraqueiro”, disparou. “Tiago, depois você discute o que tem que discutir com ele, fora daqui”, insistiu Dirceu. “Se você tem que discutir com ele, não pode ser aqui na sessão. Nós estamos no meio da sessão. Você está errado”, continuou o presidente da Câmara.

Os apelos foram em vão. A essa altura, os familiares de Mazinho, também em tom exaltado, protestavam contra a Saúde pública. Tiago Costa saiu do plenário pela segunda vez e foi até Weberty. “De artista você não tem nada. Você é um estelionatário, diz que é artista e não é. Você é um tapeceiro”, disse ao comerciante, que estava de celular em punho. Assessores da Câmara também filmavam o bate-boca nesse momento.

Tiago retornou ao plenário e as discussões continuaram, desta vez envolvendo outros personagens. Interpelado por João Gasparini (UB), líder do Governo na Câmara, Tiago respondeu: “cala a boca, rapaz. Você é moleque, você é passador de pano do prefeito. Quando o marido dela morreu você estava aonde? Não fale o que eu tenho que fazer, você não é meu conselheiro, porque você é um merda”.

Cerca de dez minutos depois do início do tumulto, o presidente da Casa optou por suspender a sessão até o dia seguinte. Uma decisão que não se via na Câmara mogimiriana há cerca de 30 anos. “A sessão, por motivos óbvios, como todos os vereadores estão vendo, está suspensa para amanhã [terça-feira]”, decidiu Dirceu, enquanto Tiago discutia com Gasparini. “Pode cassar meu mandato, mas gente não vai morrer mais aqui e vocês enganarem o povo!”, gritou o vereador.

Tiago ainda distribuiu críticas direcionadas à vereadora Luzia Cristina (PDT), ao assessor dela, Carlos Felício, ao vereador Ademir Junior (REP), à secretária Clara Carvalho e ao presidente Dirceu. Apesar do interrompimento da sessão, o tumulto se estendeu por mais alguns minutos. A Câmara só se esvaziou após a chegada de homens da Guarda Civil Municipal. Do lado de fora, na rua, Tiago Costa ainda fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais por cerca de 45 minutos, ao lado dos familiares de Mazinho.

DIA SEGUINTE
A sessão legislativa foi retomada na noite de terça-feira (20), de onde parou. Contudo, a secretária Clara Carvalho não pode comparecer. A LDO foi votada e aprovada em segundo turno. Houve poucas menções ao episódio da noite anterior. Tiago Costa pediu perdão aos colegas vereadores. “Infelizmente, fiquei no olho do furacão, sendo metralhado. Não tive o que fazer, acabei indo para o ataque também e deu no que deu”, justificou.

Sem mencionar Tiago, os vereadores Ademir Junior e Magalhães da Potencial (PSDB) cobraram respeito. “Isso aqui é uma instituição séria, que precisa ser respeitada”, frisou Ademir. “Estou até agora atordoado. Não é o exemplo que a população de Mogi Mirim espera de nós”, disse Magalhães, classificando a noite anterior como “show de horrores”.

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