Reforma Tributária: como as empresas devem se preparar para o novo sistema
Com a implantação gradativa do novo modelo tributário a partir de 2026, as empresas precisam iniciar desde já um processo estruturado de adaptação para garantir conformidade, eficiência e previsibilidade financeira. A reforma tributária substitui uma série de tributos — como PIS, Cofins, ICMS e ISS — por dois impostos principais: a CBS, federal, e o IBS, estadual e municipal, ambos estruturados no modelo IVA Dual. Essa mudança representa a maior transformação do sistema desde a Constituição de 1988 e exige que as empresas adotem práticas mais robustas de controle fiscal e contábil. Preparar-se com antecedência será determinante para manter competitividade e reduzir riscos durante o período de transição.
O primeiro passo para essa preparação é mapear todas as operações da empresa. Como o novo IVA possui base ampla — incidindo sobre bens materiais, imateriais e serviços indistintamente — será fundamental revisar cadastros de produtos, códigos fiscais, processos de compra e venda e classificações internas. Toda inconsistência poderá impactar diretamente o cálculo do imposto e o direito ao crédito, já que a não cumulatividade passa a ser plena, com direito a crédito imediato inclusive sobre bens de uso e consumo e ativo imobilizado. Isso exige maior rigor na gestão documental, controle de entradas e saídas e conferência de notas fiscais.
Outro ponto essencial é a revisão de sistemas e processos. O modelo atual permite interpretações divergentes entre estados e municípios, o que gera conflitos e litígios. Com a reforma, a legislação passa a ser nacional e padronizada, o que elimina boa parte dos debates sobre a natureza da operação, competência tributária e regras de creditamento. No entanto, isso requer que os sistemas internos das empresas estejam atualizados para novos códigos, novas regras de apuração e novas exigências de documentação. Investir em tecnologia e integração de dados será fundamental para garantir precisão na apuração do IBS e da CBS.
As empresas também devem preparar simulações financeiras para entender os impactos da nova alíquota padrão, que será transparente e definida anualmente durante a transição pelo Senado Federal, com o objetivo de manter a carga tributária global estável. Como alguns setores poderão ter aumentos ou reduções graduais nos preços, a análise de custos e formação de preços deve ser revisada com base em cenários projetados.
Por fim, a governança tributária ganhará relevância ainda maior. A simplificação prometida pelo IVA reduz litigiosidade, mas aumenta a necessidade de conformidade, já que erros serão mais facilmente identificados pelos sistemas de fiscalização integrados. Empresas que se prepararem com planejamento, revisão de processos e apoio técnico especializado terão transição mais segura e competitiva no novo modelo.
A bonatti contabilidade e consultoria apoia empresas na preparação para a reforma tributária, realizando diagnósticos, simulações e ajustes operacionais para garantir conformidade e eficiência no processo de transição para o novo sistema fiscal brasileiro.
Milton Braz Bonatti é empresário contábil em Mogi Mirim



