Presidente do MMEC é denunciado por exploração de menores

DIEGO ORTIZ
JORNAL O IMPACTO

O vereador João Victor Gasparini apresentou, na tarde de ontem, uma representação ao Ministério Público, contra o presidente do Mogi Mirim, Luiz Henrique de Oliveira, acusando a prática de atos de exploração infantil. A representação é acompanhada de depoimentos de atletas menores de idade e pais de menores.

O promotor responsável por analisar a representação será André Luiz Brandão, que, em abril, já havia recebido Gasparini e integrantes do grupo O Mogi é de Mogi para abordagem do tema.

A reportagem de O IMPACTO esteve presente no momento da entrega da representação. Gasparini apresentou um arquivo a O IMPACTO com parte do documento, mas os testemunhos dos menores não foram apresentados à reportagem com a explicação de sigilo.

Na denúncia, o vereador observa que as condições precárias a que garotos com o objetivo de se tornarem jogadores profissionais de futebol se submeteram são de conhecimento geral, inclusive do Ministério Público, que ajuizou ação civil pública tratando das conjunturas a que os jovens foram submetidos.

Gasparini ressalta que a gestão de Luiz fez da promoção de processos seletivos com garotos de todo país seu modo de obter receitas. Observou que a gestão catalogou atletas de 11 a 23 anos com a cobrança de até R$ 875.

O vereador salienta que houve cobranças a garotos para avaliações mesmo quando o clube não disputou competição, na faixa etária respectiva, no que destaca configurar ato de estelionato, com agravante a vulnerável.

Gasparini colocou que testes configuraram verdadeiros golpes e ludibriaram os garotos e famílias desejosos da oportunidade de viver do futebol. Para avaliações, há locomoção de diversos estados e cidades do país até o estádio do clube. O vereador coloca que em 2023, como já havia ocorrido anteriormente, foram realizadas avaliações objetivando o recrutamento indevido. Afirma chocar os relatos de adolescentes e famílias enganados e submetidos a situações deploráveis.

João afirma que, com os trágicos exemplos dos testemunhos apresentados ao MP, não é exagero dizer que pode ser configurado tráfico de pessoas, considerando haver aliciamento e recrutamento de adolescentes mediante fraude.

O vereador conclui ser nítida a violação dos direitos da criança e adolescente, conforme disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). João cita como violações a oferta falsa de oportunidades profissionais, por considerar violar o direito à educação e à profissionalização, e a submissão dos jovens a riscos de acidentes e lesões físicas, por entender ser uma violação ao direito à saúde e à integridade física e psicológica.

“Todas as evidências apontadas são gravíssimas. A caótica situação já é constatada pelo próprio Ministério Público, vide Ação Civil Pública abordando a conjuntura. Justamente em razão do imprescindível trabalho do Ministério Público na salvaguarda dos direitos dos vulneráveis, é que aqui se indica a imperiosa necessidade de atuação para cessão das práticas criminosas, investigações sobre as operações financeiras e redes de contatos pelo país, e a devida punição dos responsáveis que usurpam das estruturas do Mogi Mirim Esporte Clube”, conclui João Gasparini, que finaliza a representação apontando ser apresentada a denúncia para tomada de providências cabíveis pela Promotoria.

A reportagem de O IMPACTO tentou contato, na tarde de ontem, com o presidente Luiz Oliveira para pedir um posicionamento do dirigente sobre a representação, mas não obteve sucesso. Em questionamento realizado anteriormente, porém, sobre reclamações de jogadores em relação a condições precárias oferecidas pelo clube e de que atletas se sentiram enganados por terem feito pagamentos para serem avaliados, mas não terem recebido a devida atenção, pois o real interesse da gestão era arrecadar recursos com os testes, Luiz refutou as queixas. Embora os atletas fossem de outros estados, disse que as reclamações eram de jogadores ligados a opositores à sua gestão, mas que, no clube, não existia o que havia sido reclamado. “Isso é mais um factoide. É conversa da oposição”, colocou.

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