Mogimirianos vivem expectativa de disputar a 100ª edição da São Silvestre
JORNAL O IMPACTO
A mais tradicional prova de rua da América Latina – a corrida de São Silvestre – completa 100 anos nesta quarta-feira (31) e a previsão é de que participem 55 mil pessoas. Só para se ter uma ideia, na 99ª, foram pouco mais de 37 mil participantes.
Muitas pessoas de Mogi Mirim também devem participar, com maior ou menor grau de intensidade. O ultramaratonista Willian Nery, de 47 anos, informou que fará sua estreia na prova. “O fato de ser a centésima edição me motivou bastante”, comentou.
Nery, habituado a correr percursos de 100 km, disse que terá a companhia de Rodrigo Dias, seu treinador, da namorada Andressa Giacometti, de Luís Henrique Lopes e de Daniel Freitas. Instado a falar de suas pretensões na corrida, Nery afirmou que em todas as provas das quais participa, seja ela de maior ou menor projeção, procura “dar o melhor”.
Ele revelou que tem feito treinamento específico para a São Silvestre, o que requer se fixar nos 15 km da prova, procurando espelhar suas subidas e descidas para melhorar o condicionamento. O IMPACTO quis saber por qual motivo alguém que percorre 100 km enfrentaria dificuldade para correr 15 km. O corredor explica que são provas diferentes e, como tal, possuem também características distintas na preparação.
Ele afirmou ainda que, apesar do favoritismo dos africanos, o Brasil chega “com muita gente boa”. O Brasil atravessa um jejum de 15 anos na prova masculina (Marilson Gomes em 2010 foi o último) e 19 anos na prova feminina (Lucélia Peres chegou na frente em 2006). “Pensando em intensidade, seria o ideal [se fixar nos 15 km], porém é uma prova que requer vários estímulos de treino específicos e cada ano que passa tem aumentado o interesse de corredores de elite. No momento os quenianos vêm dominando, mas está aumentando a relação de bons nomes, inclusive, esse ano o Brasil vem forte”, acredita.
A treinadora e professora de corridas Melissa Macedo, da Mel Macedo Assessoria Esportiva, lamentou o fato de suas alunas terem tido contratempos para fazer a inscrição na prova e, por isso, seu grupo não vai mandar representantes.
Questionada se acredita que o Brasil possa apresentar um nome em condições de vencer a prova, Melissa considera um feito pouco provável, dado o diferencial representado pelos corredores africanos, especialmente os quenianos, os quais têm dominado a prova nos anos recentes. “Eu enxergo um domínio dos quenianos, seguidos dos etíopes. Não se trata de um fenômeno que ocorre somente no Brasil, mas é de dimensão mundial. Os africanos, especialmente os atletas do Quênia, dominam as principais provas de fundo e meio fundo ao redor do mundo”, contextualizou.
Atraída por essa mística, a treinadora realizou em 2024 um estágio em um centro de treinamento no Quênia. Melissa coloca que o uso de elementos triviais como treinar no percurso da prova e realizar um preparo focado nela ajudam no desempenho, mas, no contexto geral, segundo ela, devem ser levados em consideração fatores inerentes aos atletas africanos, como resistência, resiliência, força mental e até biotipo, o que, na sua opinião, fazem muita diferença no momento das provas.
O corredor e treinador desportivo Rodrigo Dias, especializado em maratonas, vai para sua segunda São Silvestre. Ele havia participado na de número 96, a primeira depois da pandemia. “Muito especial participar de uma edição centenária como essa; não tem valor, ainda mais fechando meu ano de corrida em que completei 13 maratonas”, mencionou.
Rodrigo afirma que vai para a prova em um momento de alta voltagem, exatamente por ter tido um ano onde exigiu muito de si. Afirmou que chega muito bem preparado para realizar uma grande prova. Indagado a respeito do favoritismo dos africanos, Dias também segue o mesmo palpite, de que dificilmente haverá um brasileiro no lugar principal do pódio. “A esperança é sempre essa [um brasileiro lutando pelas primeiras posições], mas acho difícil pois os africanos sempre vêm forte, ainda mais por se tratar de uma edição centenária”, raciocinou.
