Mogi Guaçu cancela contrato de castração; 8 gatos morreram após procedimento

DA GAZETA GUAÇUANA

A morte de oito gatos após uma série de castrações causou comoção em Mogi Guaçu. Sete óbitos foram registrados no mesmo dia, na terça-feira (16). Os procedimentos aconteceram na Unidade de Atendimento e Apoio Operacional do BEA 2, antiga sede do Zoonoses, em meio ao Programa de Castração Animal, promovido pela Secretaria de Bem-Estar Animal.

A empresa responsável pelo procedimento é a AA Mazon, contratada por dispensa de licitação no valor de R$ 47.086,00 para serviços de esterilização cirúrgica de gatos machos e fêmeas.

A Prefeitura informou que rescindirá o contrato firmado em julho. A necropsia dos animais está em andamento para apurar as causas da morte, com previsão de que o laudo seja disponibilizado até o final da semana, segundo nota oficial.

Os oito gatos mortos pertenciam a quatro tutores diferentes. A autônoma Catarina Cristina da Costa Carmo era a tutora de Flor, uma das gatas mortas durante a ação, na terça-feira (16). Ravena, de seis meses, chegou a ser internada, mas não resistiu, falecendo dias depois. Ela registrou Boletim de Ocorrência e reclamou do descaso com os animais.

“No meu ponto de vista foi um crime, não foi só negligência, foi crime. A veterinária estava indo embora e eu falei pra ela: ‘moça, minha gata morreu’, ela não deu nem atenção”, disse

A expectativa, agora, é pelo resultado da necropsia, que deve sair nesta semana, atestando o motivo das mortes. Segundo nota da empresa AA Mazon, dos sete animais que vieram a óbito no mesmo dia, apenas quatro deles passaram pelo devido procedimento de necropsia. “Alguns animais foram levados por seus tutores na terça-feira, para serem enterrados, de forma que não foi possível a realização de perícia por não terem sido refrigerados após o ocorrido”.

Desde julho, quando o serviço teve início, mais de 150 castrações foram efetuadas. Na terça-feira (16), foram realizadas 22 castrações e as sete mortes ocorreram em sequência. Os medicamentos utilizados durante a ação passarão por análise.

“Por precaução nós já separamos todos os medicamentos que levamos à ação de terça-feira e iremos encaminhar à fabricante amostras para teste. Não estou aqui afirmando serem os remédios os culpados, que fique claro, mas estamos estudando todas as hipóteses possíveis”, disse à Gazeta o proprietário da empresa, André Mazon.

Protocolo pós-morte não foi cumprido, admite empresa

Além das mortes, a maneira como o caso foi conduzido tem sido questionado. A empresa responsável, inclusive, admite que os protocolos em casos de óbito não foram devidamente cumpridos. O proprietário da AA Mazon, André Mazon, explicou que, quando uma morte é registrada durante as castrações, os tutores são orientados sobre as opções, como o encaminhamento para cremação ou realização de necropsia.

“Na terça-feira, nove animais tiveram problema ao mesmo tempo, alguns na pós e outros na mesa de cirurgia. Nossa responsável técnica, que deveria fazer este procedimento [de orientação junto aos tutores], estava em emergência com estes animais e não falou com as tutoras como deveria, o que foi uma infelicidade pela qual mais uma vez peço perdão”, afirmou o responsável pela empresa.

O secretário de Bem-estar Animal, Claudinei da Silveira Rodrigues, o Nei, informou que desconhecia o real estado dos animais quando eles foram entregues aos seus tutores. Ainda segundo Nei, quando a tutora que recebeu o animal avisou que ele estava morto, imediatamente ele deu atenção à situação.

“Disse que talvez fosse efeito da anestesia, mas ao retirar da caixa observei que estava em parada e voltei imediatamente com ele ao centro cirúrgico”, relatou. Logo depois, os próximos gatos que seriam entregues pela equipe aos tutores chegaram a acordar, mas pararam segundos depois. “Foi tudo muito rápido, não houve tempo de fazerem muito para salvá-los, infelizmente”, destacou.

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