Creche com caixa d’água enferrujada tem casos de diarreia em crianças
FLÁVIO MAGALHÃES
JORNAL O IMPACTO
O Centro Educacional Municipal de Primeira Infância (Cempi) Professora Maria Aparecida Mariano Todarelli, no Parque das Laranjeiras, tem registrado com frequência casos de diarreia e vômitos, especialmente entre crianças do berçário. Para os pais ouvidos pela reportagem de O IMPACTO, a causa é a caixa d’água da unidade, que está em situação precária.
A pequena Mirela, de um ano e seis meses de idade, tem sofrido com a diarreia ultimamente. Segundo o pai Cícero Aquino, ela passa por tratamento, se recupera do quadro, mas volta a sofrer com o desarranjo intestinal. Ele relata que a situação ocorre quando Mirela frequenta a creche e acredita que o problema esteja na água da unidade. “Hoje mesmo eu trouxe uma garrafa d’água de dois litros”, contou.
Relatos semelhantes foram feitos à reportagem quando O IMPACTO esteve na porta da creche, na tarde de quinta-feira (6). Caroline Cristine Durando, mãe de Maitê, contou que a filha sofre com os casos de diarreia desde fevereiro. Ela notou também que, durante as férias de julho, quando a criança passou a frequentar provisoriamente o Cempi Professora Michele Lucon, no Sehac, não houve nenhuma ocorrência do tipo.
Outras mães relataram a mesma impressão: quando as crianças não frequentam a creche, durante um final de semana, por exemplo, não há casos de diarreia ou vômito. O que reforça a suspeita sobre a caixa d’água da unidade. Ela apresenta vazamentos e sinais externos de ferrugem. Imagens obtidas pela reportagem mostram ainda que há ferrugem interna, inclusive em contato com a água.
Armazenar água em um reservatório enferrujado pode levar à concentração elevada de óxido de ferro, o que, por sua vez, pode causar desconforto gastrointestinal, náuseas, vômitos e diarreia. Segundo especialistas, a ferrugem pode ainda criar um ambiente propício para a proliferação de bactérias.

O caso chegou ao conhecimento da redação através do vereador Ademir Floretti Junior, que protocolou três documentos na Câmara Municipal pedindo providências imediatas. Em um deles, o parlamentar solicita, em caráter de urgência, a análise da água do reservatório que abastece a unidade escolar. Ele apontou que, além da ferrugem, há vazamentos e remendos improvisados na estrutura da caixa, além de um buraco na parte superior que expunha a água ao tempo. A inspeção, acompanhada pelo diretor da unidade e com apoio do Corpo de Bombeiros Municipal, revelou também a utilização de material desconhecido na vedação da tampa.
Ademir Junior relatou ter recebido reclamações de pais sobre casos recorrentes de diarreia entre as crianças atendidas pela creche, o que levantou suspeitas sobre a qualidade da água utilizada para consumo e preparo de refeições. O vereador destacou o risco de contaminação e a necessidade de uma análise técnica urgente para verificar a potabilidade da água.
O vereador requer ainda a substituição imediata do reservatório de água da creche. “É possível concluir que os problemas no equipamento não são recentes, e certamente já perduram por um longo tempo”, apontou. “Registro também minha total indignação com a falta de agilidade do Poder Público em substituir o equipamento e em permitir que essa situação tenha chegado a um ponto tão crítico”, completou.
A Prefeitura de Mogi Mirim, em resposta a questionamentos feitos por O IMPACTO, afirmou que “ainda está analisando qual solução tomar”. Informou que amostras da água da unidade foram encaminhadas para análise e que a Secretaria Municipal de Educação está aguardando o resultado.
Para resolver a situação da caixa d’água, enquanto aguarda uma solução definitiva, a Secretaria de Educação confirmou que fará a ligação direta da rua. “Assim não será necessário usar a água da caixa. E para garantir a qualidade da água para consumo, a unidade escolar conta com purificadores novos, que filtram a água antes de ser consumida”, informou, em nota, a Administração Municipal.


