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Coluna │ Mauro Adorno: O fim da era Bolsonaro!

Jair Messias Bolsonaro está condenado a 27 anos de prisão e, doravante, somente poderá ser discutido o local do cumprimento da pena. Ele, como todos sabem, foi condenado pela tentativa de dar um golpe de Estado para se manter no poder. Levou consigo diversas pessoas, incluindo militares de alta patente. Eu creio que a maioria deles “entrou de gaiato”, acreditando nas falácias do apelidado “mito”. No longo processo a que foram submetidos os golpistas, uma das acusações mais graves, em meu entender, foi a trama para matar o presidente eleito à época, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice Geraldo Alckmin, antes que tomassem posse, e Alexandre de Moraes, este ministro do STF, encarregado de presidir o processo da “trama golpista”.

Eu procurei conhecer a vida do ex-presidente, antes de 2018, quando ele venceu a eleição presidencial. Com o que fui lendo e conhecendo, não depositei seu nome na urna. Acredito que se a maioria dos brasileiros conhecessem sua vida, ele não teria sido eleito. Ele representa o que há de pior no ser humano. Para deixar claro as críticas que faço à sua pessoa, vou citar algumas considerações feitas por ele a respeito de alguns assuntos. Em 2017, num debate com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), atingiu seu maior nível ofensivo, ao se dirigir e ofender a parlamentar: “Não te estupro, porque você não merece”. Na mesma ocasião, disparou: “Eu sou capitão do Exército, minha missão é matar”, como se matar fosse algo banal.

Em dezembro de 1998, em entrevista à Revista Veja demonstrou seu lado cruel, ao mencionar: “Pinochet deveria ter matado muito mais”, ao comentar a ditadura chilena. Na mesma linha, em entrevista à Veja, em 2016, declarou: “O erro da ditadura foi torturar, e não matar”. Ainda se referindo ao golpe militar de 1964, saiu com essa: “No período da ditadura, deveriam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique”, e defendeu o fechamento do Congresso.

Bolsonaro não tem respeito aos seus adversários e se coloca como ser supremo. “A pena pro FHC deveria ser o fuzilamento”; “O Brasil só tem jeito com uma guerra civil”; “Eu sou favorável à tortura, você sabe disso”; “Espero que a Dilma morra de infarto ou de câncer”. Jair demonstrou que é homofóbico, ao dizer à Revista Época, em 2011: “Sou muito preconceituoso, com muito orgulho”. Na mesma linha, disse à Revista Playboy, em 2011: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente, do que apareça com um bigodudo por aí”. Em 2010, demonstrou ter propensão à violência homofóbica, em debate pela TV Câmara: “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”. Em outra oportunidade, vociferou: “Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater”, disse tão logo o presidente FHC ter segurado uma bandeira com as cores do arco-íris, em defesa da união homoafetiva, em maio de 2002. Em resposta à cantora Preta Gil, no programa CQC – Custe o Que Custar sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com negras ou com homossexuais: “Eu não corro esse risco, meus filhos foram bem educados”.

Que em 2026, na eleição presidencial, tenhamos candidatos capazes, honestos e, especialmente, humanos. É o que o povo brasileiro merece.

Maurinho Adorno é jornalista, fundador e ex-diretor de O IMPACTO