Casal é acusado de tentar matar jovem de 19 anos por intolerância religiosa

JORNAL O IMPACTO

A Polícia Civil de Mogi Mirim investiga uma tentativa de homicídio ocorrida no final da noite de quarta-feira (12), na Rua João Bernardi, no bairro Aterrado, zona sul de Mogi Mirim. A vítima, identificada como Miryan de Oliveira Silva, de 19 anos, foi encontrada no quintal de sua residência com cortes profundos no braço direito após ser atacada com golpes de faca.

Devido à gravidade dos ferimentos, ela foi socorrida à Santa Casa de Misericórdia, onde prestou as primeiras informações à Polícia Civil. Segundo o relato inicial, os agressores seriam seus vizinhos e o crime teria motivação ligada à intolerância religiosa, já que a vítima pratica a religião umbandista.

Ao tomar conhecimento do caso, a autoridade policial de plantão, delegada Emília de Oliveira Araújo, acionou o Setor de Investigações Gerais, que iniciou diligências para localizar os suspeitos e reunir elementos para o inquérito. Os investigadores foram até a Santa Casa, onde colheram novos detalhes da vítima.

Ela afirmou ter ouvido barulhos no quintal e, ao verificar, foi surpreendida pelos agressores. Disse que um deles, um homem de 54 anos, a segurou enquanto a companheira dele, de 49 anos, desferia golpes de faca. Miryan contou que conseguiu fugir para a frente da casa enquanto os autores escaparam pelos fundos. Uma vizinha ouviu os gritos e correu para socorrê-la. Na sequência, chegaram viaturas da Polícia Militar e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

A equipe policial realizou buscas por câmeras e testemunhas na vizinhança e apresentou à vítima um reconhecimento fotográfico, no qual ela confirmou o vizinho como o homem que a segurou. A foto da mulher não foi reconhecida visualmente, mas a vítima afirmou identificá-la pela voz.

Durante as diligências, os investigadores perceberam movimentação na casa dos suspeitos e os entrevistaram. O homem declarou que a companheira teria tido um surto durante a noite, pulou para o quintal da vítima usando uma escada e a atacou com uma faca, afirmando ainda ter tentado impedir a agressão e que sua mão acabou ferida. Ele informou que a faca e as roupas usadas no crime estavam guardadas em um saco plástico sob a cama e entregou a chave da residência, onde os objetos foram encontrados com vestígios de sangue.

Com base nos elementos reunidos, a autoridade policial decidiu pela prisão em flagrante contra os dois envolvidos, que foram encaminhados à Central de Polícia Judiciária de Mogi Guaçu para audiência de custódia.

Miryan segue internada na Santa Casa. O hospital informou para O IMPACTO que ela está consciente e orientada. Seu estado de saúde é considerado estável. Em entrevista à imprensa, familiares mencionaram que a vítima sofre ameaças desde que se mudou para o endereço no Aterrado. Recentemente, o muro da residência foi pichado com dizeres como “fora macumbeira” e “vai pro inferno”.